quarta-feira, 27 de maio de 2015

"Fifa levou cartão vermelho" Acusados podem pegar até 20 anos de cadeia....

Justiça acusa executivos da Fifa de corrupção na escolha das sedes de 2018 e 2022

As autoridades suíças informaram, nesta quarta-feira, que foi aberto um processo penal com acusações de gestão ilegal e lavagem de dinheiro, ambas relacionadas aos direitos de sediamento das Copas do Mundo de 2018 e 2022, na Rússia e Catar, respectivamente.
Ainda de acordo as agências internacionais, o Gabinete do Procurador-Geral da Suíça afirmou também em um comunicado que apreendeu dados e documentos armazenados em sistemas de Tecnologia da Informação na Fifa.
Segundo o jornal inglês "The Guardian", dez dirigentes da entidade serão questionados pelas autoridades suíças sobre o caso: Issa Hayatou presidente da Confederação Africana de Futebol), Angel Maria Villar (Espanha), Michel D'Hooghe (Bélgica), Senes Erzik (Turquia), Worawi Makudi (Tailândia), Marios Lefkaritis (Chipre), Jacques Anouma (Costa do Marfim), Rafael Salguero (Guatemala), Hany Abo Rida (Egito) e Vitaly Mutko (Rússia).

A polícia da Suíça prendeu, na madrugada desta quarta-feira em um hotel de Zurique pelo menos seis dirigentes da Fifa sob a acusação de corrupção. De acordo com o "The New York Times", a ação dos suíços foi movida por um pedido de autoridades americanas. Os suspeitos poderão ser extraditados para os Estados Unidos. O Departamento Federal de Justiça suíço informou que está questionando 10 dirigentes sobre a votação para escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022. Uma nota oficial da Advocacia-geral do país informou que procedimentos criminais foram abertos sobre o caso. Segundo a emissora britânica BBC, o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, estaria entre os detidos. 
Um porta-voz da Fifa se recusou a comentar as detenções.

Investigação inclui contrato da CBF com marca esportiva e Copa do Brasil

O Departamento de Justiça americano tem o Brasil na mira. Além da detenção do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, em Zurique, a CBF foi citada especificamente na nota divulgada sobre a investigação. Segundo os americanos, as investigações incluem acusações sobre pagamento de suborno em relações ao contrato da CBF com uma grande marca esportiva americana (provavelmente a Nike, fornecedora da entidade desde os anos 90) e também pagamentos em relação a contratos da Copa do Brasil.
Veja o trecho em que os temas são abordados:
"Duas gerações de dirigentes de futebol abusaram de suas posições de confiança para ganho pessoal, frequentemente através de aliança com executivos de marketing inescrupulosos que barraram competidores e mantiveram contratos lucrativos para si mesmos através do pagamento sistemático de propinas. Os dirigentes são acusados de conspiração para solicitar e receber mais de US$ 150 milhões (cerca de R$ 400 milhões) em subornos em troca do apoio oficial dos executivos de marketing que concordaram com pagamentos ilegais"
A maior parte dos esquemas alegados no indiciamento se relacionam a solicitação e recebimento de subornos por dirigentes de futebol pagos por executivos de marketing esportivo em conexão com a comercialização de direitos de mídia e marketing de diversas partidas e torneios - incluídas aí eliminatórias da Copa do Mundo na região da CONCACAF, a Copa de Ouro da CONCACAF, a Liga dos Campões da CONCACAF, a Copa América Centenário, a Copa América, a Copa Libertadores e a Copa do Brasil - que é organizada pela CBF. Outros esquemas alegados se relacionam com o pagamento de suborno em relação ao patrocínio da CBF por uma grande marca esportiva americana, a escolha da sede da Copa de 2010 e a eleição presidencial da FIFA em 2011."

José Hawilla devolve R$ 473 mi ao fazer acordo e se declarar culpado

Um dos envolvidos no processo investigado pela Justiça norte-americana, o empresário José Hawilla, dono da Traffic, empresa de marketing esportivo, aceitou devolver US$ 151 milhões (R$ 473 milhões) ao fazer um acordo e assinar sua confissão. Em 12 de dezembro do ano passado, Hawilla, de 71 anos, assumiu as acusações de conspiração por fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça. No dia 14 de maio deste ano, foi considerado culpado por fraude bancária.
Empresa de Hawilla, a Traffic negocia direitos de competições com Conmebol, Concacaf e CBF. O empresário também é acionista da TV Tem, uma das afiliadas da TV Globo.
Destes US$ 151 milhões a devolver, US$ 25 milhões (R$ 78,8 milhões) foram pagos no momento do acordo, segundo o documento divulgado pela Justiça dos Estados Unidos. Além dele, outros dois réus assumiram-se culpados. Daryan Warner, filho de Jack Warner - ex-secretário de desenvolvimento da Fifa e também réu - devolveu mais de US$ 1,1 milhão (R$ 3,4 milhões) ao longo do processo em que foi acusado por conspiração para fraude, lavagem de dinheiro e estruturação de transações financeiras. Ele fez um acordo para devolver novos valores, ainda não definidos.
Charles Blazer, ex-secretário-geral e ex-membro do comitê executivo da Fifa, assumiu-se culpado nas acusações por conspiração para extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e evasão de imposto de renda. Ele devolveu US$ 1,9 milhão (R$ 6 milhões) ao longo do processo e também fez um acordo para novas devoluções.
Confira a nota da Justiça dos Estados Unidos:
"Em 12 de dezembro de 2014, o acusado José Hawilla, dono e fundador do Grupo Traffic, o conglomerado de marketing esportivo brasileiro, foi indiciado e declarado culpado por extorsão, conspiração por fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça. Hawilla concordou em devolver mais de US$ 151 milhões, sendo US$ 25 milhões destes pagos no momento de seu apelo. 
Em 14 de maio de 2015, os acusados da Traffic Sports USA Inc. e Traffic Sports International Inc. foram considerados culpados por fraude bancária.
Todo o dinheiro devolvido pelos acusados estão sendo guardados na reserva para assegurar sua disponibilidade para satisfazer qualquer ordem de restituição em sentenças que beneficiem qualquer pessoa ou entidade qualificada como vítima dos crimes destes acusados sob a lei federal".
O diretor do Internal Revenue Service (IRS), espécie de Receita Federal dos Estados Unidos, Richard Weber, resumiu o esquema de corrupção envolvendo Fifa, Conmebol, Concacaf e empresas de marketing esportivo como "Copa do Mundo da fraude" e disse que a Fifa "levou cartão vermelho". Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, Weber mandou recado aos envolvidos no caso, enquanto a procuradora-geral dos EUA, Loretta Lynch, revelou que o processo de escolha do Brasil como sede do Mundial do ano passado - feita em 2007 - também está sendo investigada, mas não apresentou nenhuma irregularidade até o momento.
Entretanto, segundo a investigação, houve problemas na escolha da sede da Copa de 2010, na África do Sul, na eleição presidencial da Fifa e na venda de direitos da Copa América. De acordo com Lynch, o suposto esquema de corrupção que envolveu dirigentes da Fifa, Conmebol, Concacaf e empresas de marketing esportivo ocorreu "ano após ano, campeonato após campeonato". Loretta Lynch afirmou que US$ 110 milhões (R$ 349,5 milhões)  foram usados para apenas no esquema envolvendo a Copa América Centenário, que ocorrerá no ano que vem no próprio país.
- O esquema envolve altos executivos e outra agências, e milhões de dólares no que diz respeito a pagamento de propinas. Um esquema de corrupção que parece se estender ao longo de décadas, ano após ano, campeonato após campeonato. Em 2016, vamos receber a Copa América e será a primeira vez que ela ocorrerá fora da América do Sul. O que deveria ser uma mostra de amizade entre os países, se tornou um processo que envolveu milhões de dólares - disse Lynch.
E. Lynch durante coletiva da justiça americana sobre a FIFA (Foto: Mark Lennihan/AP)Justiça, FBI e Receita americana explicaram caso nesta quarta-feira (Foto: Mark Lennihan/AP)
O diretor do FBI, James Comey, deixou claro que a investigação da polícia dos EUA continuará em andamento, avisando que este "é apenas o começo" do esforço contra a corrupção no mundo do futebol. 
- O futebol é um belo jogo, o gramado está disponível para todos, ricos ou pobres, homens e mulheres. Mas o jogo foi sequestrado. A vítima verdadeira é o futebol. Essas pessoas conseguiram tirar muito dinheiro graças ao amor que esse esporte desperta - lamentou Comey.
Sem comentários sobre Blatter
Logo após os pronunciamentos de Lynch, Comey e Weber, a primeira pergunta realizada teve como tema uma possível participação do presidente da Fifa, Joseph Blatter, no esquema. Questionada se o suíço já tinha "ficha limpa" comprovada, a procuradora-geral afirmou que não comentaria o assunto ou qualquer pergunta envolvendo nomes específicos. Loretta Lynch garantiu que as investigações não foram conduzidas para que coincidissem com a semana do congresso da Fifa em Zurique para a eleição presidencial, marcado para a próxima sexta-feira.
- O próximo passo é que esses réus venham aos EUA para responder ao processo. Pedimos às autoridades suíças o processo de extradição. Ainda queremos prender os acusados que faltam - completou Lynch.
 Loretta Lynch EM COLETIVA do departamento de justiça dos EUA (Foto: Mark Lennihan/AP)Procuradora-geral Loretta Lynch falou sobre esquema Foto: Mark Lennihan/AP)

BRASILEIRA
27/05/2015 09h44 - Atualizado em 27/05/2015 10h32

Del Nero se diz surpreso com prisão de Marin: "Péssimo para a entidade"

"Foram contratos firmados antes da administração do Marin. Não tem nenhum contrato firmado depois", diz dirigente após detenção do ex-presidente da CBF

Por Zurique

O presidente da CBF, Marco Polo del Nero, afirmou ter sido pego de surpresa com a prisão de José Maria Marin nesta quarta-feira, em Zurique, pela polícia da Suíça a pedido da justiça dos Estados Unidos sob a acusação de corrupção e diversos outros crimes na Fifa. Outros seis dirigentes também foram detidos.

Após sair de uma reunião da Conmebol, no hotel Renaissance em Zurique, Del Nero afirmou que os problemas seriam "de gestões anteriores" e que soube da prisão do ex-presidente da CBF pela esposa de Marin.

- Foram contratos firmados antes da administração do Marin. Não tem nenhum contrato firmado depois... Temos que analisar, como que vou saber? Tem que ver a conduta... Não tenho a menor ideia... Lógico que não é uma coisa boa, é péssimo para a entidade. Mas temos que saber o que se passa - disse Del Nero, que tomou posse da presidência no último dia 16 de abril, no lugar de Marin.

- Eu era presidente da Federação Paulista. Estamos querendo saber o que houve.
Del Nero foi nomeado vice-presidente da CBF em junho de 2012, já na gestão de Marin após a saída de Ricardo Teixeira (Teixeira ficou na presidência entre 1989 e 2012). Questionado se fazia parte do mandato de Teixeira, o dirigente negou:
Na terça-feira, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, compareceu ao Renaissance para a reunião com membros da Concacaf. Porém, não foi visto nesta quarta para o encontro com a Conmebol:
- Isso nao sei, é problema do Blatter e da Fifa - respondeu Del Nero ao ser questionado sobre a ausência do suíço após as prisões.

Além da detenção do ex-presidente da CBF, a CBF foi citada especificamente na nota divulgada sobre a investigação. Segundo os americanos, as investigações incluem acusações sobre pagamento de suborno em relações ao contrato da CBF com uma grande marca esportiva americana (provavelmente a Nike, fornecedora da entidade desde os anos 90) e também pagamentos em relação a contratos da Copa do Brasil.
- O contrato da Nike é de 2000 e sei lá - disse Del Nero, sem dar maiores detalhes sobre o que esperar da investigação (NR: a empresa passou a patrocinar a Seleção em 1997).
Por fim, o brasileiro, que é membro do Comitê Executivo da Fifa, garantiu que a eleição para presidente da entidade acontecerá normalmente na sexta-feira.

Veja o trecho em que os temas da CBF são abordados no relatório americano:

"Duas gerações de dirigentes de futebol abusaram de suas posições de confiança para ganho pessoal, frequentemente através de aliança com executivos de marketing inescrupulosos que barraram competidores e mantiveram contratos lucrativos para si mesmos através do pagamento sistemático de propinas. Os dirigentes são acusados de conspiração para solicitar e receber mais de US$ 150 milhões (cerca de R$ 400 milhões) em subornos em troca do apoio oficial dos executivos de marketing que concordaram com pagamentos ilegais"

A maior parte dos esquemas alegados no indiciamento se relacionam a solicitação e recebimento de subornos por dirigentes de futebol pagos por executivos de marketing esportivo em conexão com a comercialização de direitos de mídia e marketing de diversas partidas e torneios - incluídas aí eliminatórias da Copa do Mundo na região da CONCACAF, a Copa de Ouro da CONCACAF, a Liga dos Campões da CONCACAF, a Copa América Centenário, a Copa América, a Copa Libertadores e a Copa do Brasil - que é organizada pela CBF. Outros esquemas alegados se relacionam com o pagamento de suborno em relação ao patrocínio da CBF por uma grande marca esportiva americana, a escolha da sede da Copa de 2010 e a eleição presidencial da FIFA em 2011."

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