Tendo em vista o que se conhece sobre transmissão genética e, claro, dando uma boa simplificada, todos nós sabemos que nossos genes são passados de geração em geração, de pais para filhos. As informações contidas nos DNAs de nossos antepassados foram atravessando os anos, indo de indivíduo para indivíduo verticalmente, como se nos ligássemos através de uma árvore (daí o conceito das árvores genealógicas).
A transmissão horizontal de genes, chamada de HGT (“horizontal gene transfer”), já havia sido testemunhada por cientistas entre formas bastante simples de vida, como bactérias, algas e outros seres unicelulares. Com a possibilidade da realização do mapeamento do genoma dos seres vivos, a HGT foi notada quando, por exemplo, pesquisadores encontraram partes do DNA de plantas e micróbios em nematodas. Algas diatomáceas, responsáveis por produzir um quinto do oxigênio existente no planeta, possuem genes de bactérias passados a elas via transmissão horizontal.
Um panorama mais complexo
A presença da HGT em seres mais complexos foi comprovada no estudo de besouros, que usariam informações trazidas pelo DNA de certas bactérias para aprender a digerir alimentos que esses insetos sozinhos não seriam capazes de consumir.
Até então, tudo bem. No entanto, agora, pesquisadores chegaram à conclusão de que nós, seres humanos, também possuímos DNA intruso recebido horizontalmente. Pelo menos 145 genes encontrados em nós não seriam originalmente humanos, mas teriam vindo de bactérias e protistas.
Moldados pelos genes alheios
Essas interferências genéticas seriam a origem de coisas complexas de nossa natureza, como o sistema sanguíneo ABO. Além disso, especula-se que certas características que envolvem a digestão, a imunidade e o metabolismo também estejam ligadas à HGT. Mas não fica só nisso: também estaríamos espalhando por aí nossos genes, visto que partes de nosso DNA também teriam sido encontradas no genoma de outros seres vivos. Algumas bactérias podem estar criando resistência contra nós mesmos exatamente através do DNA humano que foi parar dentro delas.
É claro, muito desse estudo ainda está sendo desenvolvido e lógico que grande parte da comunidade científica ainda vê tudo isso com um olhar cético ou mesmo se recusa a aceitar que haja HGT envolvendo seres tão complexos quanto nós, humanos. Realidade ou não, caso essa descoberta seja de fato legítima, será necessário rever completamente a teoria da evolução à luz das transferências genéticas horizontais, que podem alterar toda a história de como nós e todas as outras espécies chegamos até aqui.
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