O índice “corredômetro” chega à quarta semana contabilizando 359 pacientes atendidos nos corredores dos maiores hospitais do Ceará, segundo o Sindicato dos Médicos do Ceará. O “corredômetro” foi criado para denunciar a quantidade de pacientes sem atendimento adequado nas unidades desde o início da crise da saúde no estado, segundo a presidente do sindicato Mayra Pinheiro.
"É humanamente impossível você dizer que está fazendo um atendimento de qualidade em pessoas que estão com o soro pendurado nas paredes com prego ou em crianças que estão 'internadas' embaixo de um telefone público”, afirma Mayra.
Segundo a última atualização do “corredômetro”, nesta quarta-feira (13), 80 pacientes estavam fora de leitos ou salas adequadas nas nove unidades de pronto atendimento de Fortaleza (UPAs); 98 no Instituto Doutor José Frota; 66 no Hospital Geral de Fortaleza; o Hospital de Messejana tinha 55 pessoas nos corredores; o Hospital Infantil Albert Sabin, 50; e o Hospital São José, 10 pacientes nos corredores.
Além dos pacientes nos corredores, vários pacientes são barrados diariamente nas unidades por falta de condição de atendimento. Em alguns casos, familiares de pacientes conseguem na Justiça a determinação para transferência para um leito adequado, mas as decisões são descumpridas devido à falta de salas, segundo o Governo do Estado.
A família de Francisca Dias conseguiu liminar na Justiça para a transferência a um leito de UTI, mas ela morreu 13 dias após a espera. "O médico, na mesma hora que ele entubou e viu que o caso dela é muita grave, disse ‘o caso da sua mãe é muito grave, ela precisa de um leito de UTI urgente’”, diz a filha Estefânia Dias. Sem conseguir o leito, a família recorreu à Justiça.
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), afirmou nesta quarta-feira que está providenciando soluções para acabar com a crise na saúde. Para ele, situação semelhante ocorre em todos os estados e se agravou devido à redução do repasse de verba por parte do Governo Federal. "Em 2006 o Governo [do Estado do Ceará] gastou algo em torno de R$ 285 milhões na saúde; o governo federal gastava algo próximo disso, ou seja, a cada real do Governo do Estado, o Governo Federal gastava um. Em 2014, nós gastamos 4 reais para cada real do Governo Federal. Estamos trabalhando para resolver isso.”
Falta de material
Segundo o diretor do Sindicato dos Médicos Edimar Fernandes, cirurgias são canceladas por falta de material. "Tem médico para fazer as cirurgias, mas não tem um fio para fechar a cirurgia, não tem gaze para limpar. Não tem antibiótico, porque eu preciso algumas vezes quando vai fazer uma cirurgia", explica.
O governador Camilo Santana afirma que já solicitou todo o material em falta para abastecer os hospitais e que aguarda a distribuição por parte dos fornecedores. Nesta quarta-feira, ele se reuniu com diretores de todas as unidades para buscar soluções.
“Mandei cancelar, não se admite, enquanto faltar medicamento, fazer buffet."Convoquei todos os diretores dos hospitais para avaliar os gargalos, os problemas, para buscarmos as soluções juntos. Estou vendo os leitos de retaguarda, como contratar os leitos de retaguarda para diminuirmos as filas nos hospitais. As medidas urgentes que forem necessárias nós estamos tomando", disse.
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