Segundo o novo titular da Sedec, as divergências faz parte do processo democrático, mas ela não pode superar os interesses maiores do estado.
O vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e ex-presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Flávio Azevedo, tomou posse na última terça-feira (4), como secretário estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec). Ele substitui o engenheiro Paulo Roberto Cordeiro, que pediu exoneração.
Durante entrevista concedida, Flávio ressaltou a importância da união dos políticos do estado para trazer mais desenvolvimento. " Então tem que haver uma atuação e uma sincronização de pensamentos deixando um pouco as divergências politicas à parte. As divergências faz parte do processo democrático, mas ela não pode superar os interesses maiores do estado", disse.
O empresário era filiado ao PMDB, mas já enviou carta pedindo a desfiliação pois acredita que a atividade empresarial é incompatível com a militância politica. "A politica tem como consequência obvia a diversidade. O empresário na hora que ele não se envolve diretamente, a paixão não se revela de modo que ele se recuse, por exemplo, a dividir êxitos", explicou.
A seguir, trechos da entrevista com o secretário de Desenvolvimento Econômico do estado, Flávio Azevedo, ao jornalista Diógenes Dantas:
Diógenes Dantas - O que muda na orientação do governo, na questão do desenvolvimento econômico, a sua posse?
Flávio Azevedo - Não pretendo fazer grandes mudanças, até porque eu sou contra tentar reinventar a roda. Eu que eu vou tentar fazer é trabalhar com objetividade e dentro de um cenário de escassez, no sentido de recursos financeiros.
DD - O Rio Grande do Norte ainda continua liderando a produção de gás?
FA - Não. Hoje o Espirito Santo é o maior produtor de gás do Brasil. Esse assunto de gás é um assunto até que muitas pessoas não conhecem nossa realidade ainda, nós temos gás ainda. O nosso gás está comprometido com contratos para entregas futuras, que eu não creio que vão acontecer. As entregas futuras são para o suap em Pernambuco e para uma usina grande no Ceará de processamento de aço. E esse gás para entrega futura está impedindo que esse gás seja usado no Rio Grande do Norte.
DD - O secretario de desenvolvimento econômico estadual tem instrumento para tentar reverter esse quadro de cobrança e entrave?
FA - Vou dividir minha reposta em duas. Primeiro, é possível agilizar procedimentos de licenciamento ambiental quando eles estão a cargo de decisões do estado, a prova é tanto que em seis meses o Idema já liberou mais de 1.800 licenças. Porém quando se trata de pesca, que utiliza o Ibama como órgão federal, ai é mais difícil. Falta às lideranças politicas se unirem. Nós temos uma pessoa como o Ministro Henrique Eduardo, tem uma influência enorme e tem conhecimentos no governo federal, o senador Garilbadi, o próprio senador Agripino, senadora Fátima. Então tem que haver uma atuação e uma sincronização de pensamentos deixando um pouco as divergências politicas à parte. As divergências faz parte do processo democrático, mas ela não pode superar os interesses maiores do estado.
DD - O senhor deixa o PMDB. Soube até que o senhor conversou com Henrique Eduardo Alves, ele não gostou da sua ida para o governo. E caso o senhor tivesse que ir para o governo, teria deixar o partido. Ocorreu isso?
FA - Não foi essa colocação. Não gostar isso ai é um direito que ele tem. Nenhum dirigente partidário gosta da saída de um correligionário. Henrique é meu amigo, independentemente da minha filiação partidária. De outro lado, fui parceiro de negócios com Osmundo Faria, um dos empresários mais competentes e pai do atual governador. A atividade empresarial é incompatível com a militância politica, nada me impede e nem impede nenhum empresário de ser politico e está dentro de um partido, dando ideias e sugestões. Mas a politica tem como consequência obvia a diversidade. O empresário na hora que ele não se envolve diretamente, a paixão não se revela de modo que ele se recuse, por exemplo, a dividir êxitos.
DD - O senhor já se desfilou?
FA - Não, estou encaminhando uma carta de desfiliação e não vou me registrar em partido nenhum.
DD - Aproveitando essa questão. Só para esclarecer os comentários essa semana, é que sua ida para o governo seria um gesto de aproximação do governador com a ex-governadora Wilma de Faria, pelas ligações politicas e empresariais que o senhor tem e sempre teve com a líder do PSB. O que o senhor tem a dizer sobre esse tipo de análise?
FA - Isso é uma herança, talvez, do radicalismo que existiu aqui há 50 anos, onde um correligionário de Aluízio não podia sentar na mesma mesa de um correligionário de Dinarte Mariz. Isso é um vício terrível. A minha ligação com Wilma, é uma ligação pessoal que existe há mais de 30 anos. Eu não era de partido nenhum, e já era amigo de Wilma, de Lavosier. O que existia é uma relação pessoal, somos da mesma região do Seridó. Não existe nada disso. Tanto que ela evitou ir a minha posse, isso me deixa um pouco triste, mas eu compreendo.
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