Poucas coisas envaidecem tanto o ser humano quanto a própria inteligência. Gostamos de dizer, inclusive, que somos os únicos animais inteligentes do mundo, como se o fato de termos um cérebro racional nos desse superpoderes. Medir essa capacidade é algo difícil de ser feito, e, desde a popularização de testes que avaliam o quociente de inteligência (QI) das pessoas, passamos a interpretar esses resultados como uma espécie de nota escolar: quem tem a maior sabe mais.
Ainda que essa fosse, de fato, a lógica, será que basta um bom resultado de QI para que uma pessoa tenha sucesso garantido? Afinal, se os inteligentes se dão melhor em tudo, deveriam ter também os melhores empregos e salários, certo? Bem... Talvez nem tanto.
Testes de QI avaliam critérios importantes da inteligência humana. Ainda assim, não se pode dizer que esse tipo de experimento avalia a capacidade cerebral total de um indivíduo, e se você já leu algumas de nossas publicações a respeito de inteligência emocional, deve imaginar onde estamos querendo chegar com toda essa conversa.
A verdade é que uma nova pesquisa, realizada pela Universidade de Stanford e divulgada pelo Linkedin, concluiu aquilo que já era de se suspeitar: a personalidade e a atitude de um funcionário, fatores que dependem de inteligência emocional, valem mais do que o QI dele.
A psicóloga Carol Dweck investiga a relação entre inteligência e desempenho profissional há muitos anos, e, em um estudo realizado por ela recentemente, ficou claro que a atitude de um funcionário em sua rotina de trabalho vale mais do que o valor do quociente de inteligência dele.
Antes de chegar a essa conclusão, Dweck percebeu que as pessoas podem ser divididas entre aquelas que têm uma mentalidade fixa e estabelecida e as que possuem uma mente em expansão.
Pessoas que se encaixam entre aquelas que têm uma mentalidade fixa são as que acreditam que não podem mudar traços da própria personalidade ou da maneira como pensam. O problema aqui é quando novos desafios aparecem e a pessoa tem a certeza absoluta de que não dará conta do recado, se sentindo sem esperança e sobrecarregada.
Já quem tem uma mente em constante expansão acredita que sempre pode melhorar, contanto que se esforce o suficiente para isso. Tal ideia faz com que esse grupo de pessoas tenha um desempenho melhor do que o outro, e isso vale até mesmo para quando os indivíduos de mente fixa têm maiores quocientes de inteligência.
Essa comparação nos prova que aqueles que aceitam desafios e se arriscam, por mais que não tenham notas altíssimas em testes de inteligência, se dão melhor justamente por essa característica de proatividade. Para esses indivíduos, desafios não são ameaças, mas oportunidades de aprender coisas novas.
É normal acreditarmos que pessoas espertas se dão bem na vida, e, na verdade, elas se dão bem, sim. Mas o destaque nesse sentido vai sempre para quem se adapta melhor às variações – valeu, Darwin – e não se encolhe diante de um novo desafio. Pessoas de mente em constante expansão são as que recebem novidades de braços abertos e melhor se adequam às mudanças da vida.
Para Dweck, o que realmente define sucesso não são as conquistas de uma pessoa, mas a forma como ela lida com o que é socialmente interpretado como fracasso. A psicóloga se refere ao termo da seguinte maneira: “fracasso é informação – nós chamamos isso de fracasso, mas é mais algo como ‘isso não funcionou, e eu estou com um problema para resolver, então vou tentar alguma coisa nova’”.
Se você está lendo este texto e se identificando com o perfil de quem tem uma mente fixa e não lida bem com novidades, nós temos uma boa notícia: é possível mudar e se tornar uma pessoa com uma postura diferente, ainda que isso se aplique apenas ao seu ambiente de trabalho. A seguir, conheça algumas estratégias, elaboradas pela própria Dweck, para quem pretende encarar novos desafios sem tanto medo e, por consequência, ser uma pessoa mais bem-sucedida profissionalmente:
1 – Não se abale demais diante das dificuldades
Todos nós nos sentimos desamparados de vez em quando, e não é esse o problema. A questão aqui é mais sobre como reagimos diante dessa sensação: aprendemos com ela ou ficamos de cabeça baixa, sofrendo? Você já parou para pensar que grandes líderes possivelmente não teriam tido o mesmo sucesso se ficassem abalados demais e paralisados diante da sensação de desamparo?
Walt Disney, por exemplo, foi demitido no início de sua carreira porque não tinha uma boa imaginação nem boas ideias. A apresentadora Oprah Winfrey foi dispensada de um cargo jornalístico por ser considerada emotiva demais. Antes de ter o sucesso que se mantém até hoje, Henry Ford tentou abrir outras duas fábricas de carro.
2 – Tenha paixão pelas coisas
Quando realmente investimos em algo e demonstramos paixão por aquilo que estamos fazendo, conseguimos nos destacar. É a paixão que nos faz querer ter um desempenho maior, que nos impulsiona para aprender mais a respeito de determinado assunto, que nos instiga a buscar novas maneiras de alcançar excelência.
Para descobrir qual é a sua verdadeira paixão, recomendamos a técnica de Warren Buffet, que é conhecida como 5/25: basicamente, você deve fazer uma lista com as 25 coisas com as quais você mais se importa. Na sequência, exclua os últimos 20 itens. Os que ficaram no início são os que realmente importam e, a partir daí, você pode começar a ter uma ideia melhor a respeito do que de fato faz a sua cabeça. Não custa tentar, né?
3 – Aja!
Quando dizemos que as pessoas com mentes expansivas lidam melhor com momentos difíceis, não estamos querendo dizer que elas são imunes aos problemas. Na verdade, elas apenas entendem melhor que o medo e a ansiedade são elementos que nos paralisam e, justamente por isso, elas acabam agindo.
Pessoas de mentes em expansão são empoderadas, o que significa que não ficam à espera de um momento certo para agir – elas sabem que raramente há um momento ideal para fazer alguma coisa. Decidir agir faz com que nossas preocupações sobre fracassos se transformem em energia positiva e foco.
4 – Dê tudo de si
Pessoas de sucesso costumam dar o seu melhor mesmo quando estão em dias difíceis. Sabe aquela ideia de “só mais um pouquinho?”. Pois é. Pessoas empoderadas pensam assim sempre e nunca se contentam em fazer apenas o básico.
Ir além dos seus limites, das suas metas e dos seus objetivos é uma forma bastante eficiente de aperfeiçoar suas habilidades, independente de quais elas sejam. Se você não está melhorando um pouco a cada dia, pode significar que esteja piorando, infelizmente. Uma boa autoavaliação nesse sentido sempre cai bem.
5 – Continue esperando resultados
Ter noção de que de vez em quando seus planos não darão certo é uma coisa. Deixar de esperar que um dia eles deem é outra. Ter em mente quais são suas metas, da maneira mais clara possível, é uma ótima forma de você conseguir aquela motivação de que tanto precisa. Além do mais, se você não tiver objetivos de vida, muita coisa deixa de fazer sentido.
6 – Seja flexível
Esta é uma dica para a sua vida toda: nem sempre as coisas vão seguir o roteiro planejado. Adversidades e contratempos acontecem a todo o momento, até mesmo porque você depende constantemente de outras pessoas, mesmo que modo indireto. Como adversidade podemos entender tanto um voo cancelado quanto um acidente na cafeteria que vai manchar a sua camisa bem no dia daquela reunião importante. Não tente negar: esse tipo de coisa acontece.
Agora nos diga quem se sairia melhor em uma situação não planejada: a pessoa que se desespera e começa a chorar compulsivamente ou aquela que já começa a pensar em uma forma de resolver a situação? Não perder tempo reclamando do que deu errado e, em vez disso, começar a pensar em como resolver a situação é ser flexível.
7 – Não reclame quando as coisas não saem do seu jeito
Entre as características típicas dos donos de mentes fixas está a reclamação. Pessoas que vivem se lamentando, que batem o pé quando alguma coisa não acontece da forma como elas gostariam, acabam não aprendendo com a experiência. Lembre-se: mentes em expansão enxergam oportunidades de novos aprendizados em tudo. Dessa forma, não há espaço para reclamação.
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E você, tem alguma dica para dar a quem procura ter um desempenho melhor com relação aos estudos e ao trabalho? Divida sua tática conosco nos comentários!
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