Não é de hoje que a Igreja Católica recorre a práticas de exorcismo em casos tidos como de possessão. Essas histórias antecedem até mesmo a publicação da Bíblia, sendo que nela há relatos de Jesus Cristo exorcizando vítimas de demônios invasores. Os poderes de Cristo teriam sido repassados a seus apóstolos e, mais tarde, aos padres católicos.
Com o passar dos anos, porém, a Medicina avançou a ponto de questionar se possessões demoníacas não podem ser, na verdade, manifestações de doenças psiquiátricas. Foi por isso que, depois de séculos sem revisar seus métodos, em 1999 o Vaticano alterou suas diretrizes de exorcismo e passou a reconhecer algumas situações como surtos mentais decorrentes de problemas médicos, e não necessariamente espirituais.
Mudança
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Agora a Igreja Católica é mais rigorosa na hora de dar um veredito a respeito de quem está ou não sob uma interferência maligna. Os rituais de exorcismo já não são oferecidos para todas as pessoas supostamente possuídas – pelo contrário: padres contam com a ajuda de médicos para compreender os casos que recebem e verificar se são possessões ou surtos psicóticos.
Enquanto o psiquiatra observa o comportamento da pessoa “possuída”, faz perguntas e procura entender o que se passa, o padre fica atento à presença de características típicas de possessão: habilidade em falar um idioma até então desconhecido, demonstrar ter muito mais força do que uma pessoa “normal” e conhecimento de informações que não deveria, como dados da Igreja ou da vida pessoal de quem estiver por perto. Essas três características classificariam facilmente, para a Igreja, um caso de possessão.
Dúvida eterna?
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Ainda assim, mesmo com os critérios citados acima, o Vaticano tem ciência de que tudo isso pode ser forjado – uma pessoa pode estudar a vida dos padres, por exemplo, e usar o que sabe em um momento oportuno, para dar a entender que está tomada por demônios.
As novas diretrizes usadas pela Igreja estão, na verdade, ajudando os membros do clero a diferenciar casos de possessão e de pseudopossessão, sendo que, nesse segundo caso, o paciente pode sofrer de doenças como a esquizofrenia ou outros transtornos dissociativos.
A Igreja também não faz mais exorcismos em pessoas que se dizem amaldiçoadas ou que passam por problemas parecidos. A ordem é seguir as novas regras e realizar o procedimento apenas em quem precisa mesmo. Ainda assim, tanto a Igreja quanto os médicos envolvidos assumem que essa é uma separação difícil e que, infelizmente, erros podem acontecer na hora de definir quem está ou quem não está possuído.
* Publicado originalmente em 05/02/14
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