O carnaval, assim como muitas outras festas celebradas pelo mundo — o Natal e a Páscoa são exemplos —, tem suas raízes no paganismo. O costume surgiu na Grécia antiga por volta de 600 e 520 a.C. e, originalmente, era um festival celebrado na primavera durante o qual os gregos agradeciam aos deuses pela fertilidade e colheita farta.
“Bacchanalia”, de Nicolas Poussin Fonte da imagem: Reprodução/Brazil Carnival
Uma das muitas divindades honradas era Dionísio, o deus do vinho, e mais tarde os romanos acabaram adotando a mesma tradição para celebrar a Saturnália, quando também honravam a Baco, que era como o deus do vinho era conhecido em Roma. Durante esse período, as aulas nas escolas romanas eram suspensas, os escravos eram liberados e todo mundo saía às ruas para festejar.
“Ave, Caesar! Io, Saturnalia!”, de Lawrence Alma-Tadema Fonte da imagem: Reprodução/Wikipédia
Em relação à origem da palavra “carnaval”, há quem acredite que ela surgiu do termo carrum navalis, que eram carros que transportavam homens e mulheres romanos nus em desfiles durante a Sarturnália. Outra possibilidade é que a palavra tenha se originado da expressão carnem levare — ou adeus à carne, em latim —, já que as festas antecediam a quaresma, período durante o qual os cristãos não devem comer carne.
Fim da alegria
“O Combate entre Dom Carnaval e Dona Quaresma”, de Pieter Brueghel Fonte da imagem: Reprodução/Wikipédia
Voltando à antiguidade, as festividades, como você pode imaginar, eram regadas a muita bebida, e é claro que ocorria muita bagunça durante as celebrações. Com o surgimento do cristianismo, muitos dos costumes pagãos foram sendo incorporados pela nova religião, e a Igreja Católica, que também adotou a tradição, baniu os “atos pecaminosos” que ocorriam nas festas, substituindo a bebedeira e as orgias por rituais religiosos.
Isso ocorreu por volta do ano 590, e o Carnaval só voltou a ser uma festa popular na Europa no século 16. Cada cidade e aldeia festejava à sua maneira, incorporando suas tradições e costumes locais. Os desfiles com máscaras e fantasias só foram surgir mesmo por volta do século 19, quando foram introduzidos pela sociedade vitoriana, e Paris foi a responsável por espalhar esse modelo de festa para o resto do mundo.
Origens no Brasil
“Jogos durante o Entrudo no Rio de Janeiro”, de Augustus Earle Fonte da imagem: Reprodução/Wikipédia
Como se trata de um festival europeu, evidentemente quem trouxe o costume para o Brasil foram os imigrantes portugueses. Antigamente, entretanto, a “cara” do Carnaval era muito diferente da atual, e os festejos eram inspirados na versão portuguesa, chamada Entrudo. A festa consistia em sair às ruas e encharcar uns aos outros com baldes de água, e também ocorriam verdadeiras guerras de lama e até de comida que muitas vezes acabavam em confusão.
Fonte da imagem: Reprodução/Brazil Carnival
Com o tempo, a coisa foi ficando mais organizada e os festejos foram se tornando cada vez mais populares e, assim como ocorreu na Europa, vários elementos culturais foram sendo incorporados. Logo foram surgindo os desfiles nos quais as pessoas saiam às ruas fantasiadas e mascaradas, e foi só mais tarde — lá pelos séculos 18 e 19 — que os carros alegóricos fizeram suas primeiras aparições, assim como os blocos de Carnaval.
Popularização da festa
Fonte da imagem: Reprodução/Wikipédia
No entanto, é um pouco complicado estabelecer exatamente quando foi que o Carnaval brasileiro se transformou na festa mundialmente famosa que é hoje, especialmente o do Rio de Janeiro (sem desmerecer as festas das demais capitais). O samba mesmo, cuja música e dança são partes integrantes do evento, surgiu a partir de uma eclética mistura de ritmos e tem forte influência da cultura africana, trazida pelos escravos libertos que viviam na capital carioca.
O primeiro baile de Carnaval do Brasil de que se tem notícia ocorreu no Rio de Janeiro em 1840, e o evento teria sido organizado por uma atriz italiana que desejava reproduzir o Carnaval de Veneza. O primeiro bloco foi fundado em 1855 por um grupo de intelectuais que incluía o escritor José de Alencar, e se chamava “Congresso das Sumidades Carnavalescas”. Nessa época, contudo, quem participava dos desfiles era a elite, e não o povo.
Fonte da imagem: Shutterstock
A primeira música composta especialmente para o Carnaval foi de autoria de Chiquinha Gonzaga — com “Ô Abre Alas!” —, e foi criada para o cordão Rosas de Ouro, que desfilava pelas ruas do Rio durante as festas. Já o termo escola de samba surgiu no final da década de 20, quando o compositor Ismael Silva decidiu reunir os principais sambistas do bairro carioca Estácio, para formar uma roda de samba em frente à antiga Escola Normal.
Os quatro dias de festa que hoje marcam o calendário turístico da Cidade Maravilhosa só foram se consolidar a partir de 1963, quando a agremiação do Salgueiro desfilou ao som de um enredo sobre Chica da Silva. Com a popularização dos desfiles, na década de 70 os organizadores foram obrigados a estabelecer um limite de tempo para cada escola, e na década de 80 os desfiles foram transferidos das ruas para o Sambódromo, construído por Oscar Niemeyer.
* Publicado originalmente em 28/02/14
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