Você se lembra da polêmica do vestido azul e preto/branco e dourado? E a da bolsa azul-bebê/branca? Teve ainda a da jaqueta azul e branco/preto e marrom, e a das pílulas cinza, azul ou vermelha! Pois como já fazia algum tempo que não rolava nenhum debate sobre a cor de algo, o psicólogo japonês Akiyoshi Kitaoka, da Universidade Ritsumeikan, no Japão, resolveu agitar uma pouco as coisas na internet postando a imagem que você viu acima.
De acordo com Mike Mcrae, do portal Science Alert, o que Kitaoka fez foi pegar a foto de uma saborosa tortinha de morangos e substituir todos os pixels vermelhos da imagem por cinza — o que significa que, por incrível que pareça, a imagem não tem nem uma gotícula sequer de vermelho, apesar de os nossos olhos registrarem essa cor na figura. Veja novamente a seguir:
E aí, caro leitor, de que cor você vê os moranguinhos da imagem?
Ilusão de óptica
Como você bem pode imaginar, é claro que a fotografia gerou discussão entre os internautas incrédulos que preferiram acreditar no que seus olhos estavam dizendo do que em um japonês maluco! No entanto, aqueles que se deram ao trabalho de analisar a foto com a ajuda de programas de edição de imagem puderam comprovar que Kitaoka não aplicou nenhum filtro estranho na ilustração — nem estava enganando ninguém. Comprove:
Comparação criada pelo pessoal do Science Alert
Na realidade, os culpados por nos enganar desse jeito não são os olhos, mas sim o cérebro, e o curioso efeito da imagem tem um nome: consistência de cor. Aliás, a explicação do fenômeno também é interessante. Conforme já explicamos anteriormente aqui no Mega Curioso, as cores que enxergamos nada mais são do que a forma como os nossos olhos interpretam os comprimentos de onda da luz que são refletidos pelos objetos.
Dependendo da composição de determinado material, os diversos comprimentos de luz viajam por ele de maneira diferente. Assim, depois que a luz é absorvida por determinado objeto, os nossos olhos veem a cor — ou o comprimento de onda — que esse objeto reflete.
Pois os diferentes comprimentos de onda fazem com que os fotorreceptores que existem nos nossos olhos enviem sinais ao nosso cérebro, que, por sua vez, processa essa informação e produz a experiência que nós entendemos como cores. Só que tem mais: o nosso cérebro também aprendeu a compensar as variações de luz que poderiam criar confusão na interpretação das cores.
Processamento de dados
O que ocorre é que as cores dos objetos podem parecer diferentes dependendo da iluminação — se nos encontramos em um local fechado com luz artificial, acampando sob a luz do luar ou fazendo um passeio em um dia ensolarado, por exemplo. No caso do dia ensolarado, haveria mais comprimentos de onda curtas, que, normalmente, nós perceberíamos como tons azulados.
Lembra do prisma das suas aulas de Física?
Assim, se olharmos para um objeto nessas condições, ele refletiria mais dessas ondas mais curtas até os nossos olhos — que enviariam sinais ao nosso cérebro. E ele, teoricamente, deveria processar as cores de maneira diferente se o mesmo objeto fosse observado à noite. Só que o nosso cérebro (esperto) desenvolveu uma espécie de “filtro” para compensar essas diferenças, e é por isso que percebemos algo verde como sendo verde independente se é dia ou noite ou se estamos dentro de casa ou passeando em um dia de sol.
Voltando à tortinha de morangos, como o nosso cérebro aprendeu a processar os estímulos visuais de forma que as cores não mudam conforme a variação de luz do ambiente onde nos encontramos, apesar de Kitaoka ter eliminado por completo a cor vermelha da foto, o nosso cérebro sabe que os morangos são vermelhos e, portanto, é assim que ele processa a informação da imagem — e faz com que a gente veja as frutas na cor que elas deveriam ter.
FONTE(S)
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