Descobertas de jazidas, aumento do preço das commodities minerais e os anúncios de investimentos estão atraindo olhares nacionais e internacionais ao Rio Grande do Norte. A equação montada por estes três fatores pode resultar no surgimento de um novo ciclo da mineração, como o que enriqueceu o Seridó entre as décadas de 1940 e 1980. A avaliação é compartilhada por empresários, representantes do setor público e pesquisadores. Há projetos previstos para produção de ouro, ferro e da própria scheelita – o metal responsável pelo ápice econômico da região décadas atrás.
As riquezas estão espalhadas por todo o território estadual. Apesar do otimismo, o setor padece de problemas relacionados à falta de infraestrutura e de segurança jurídica, que põem o futuro promissor em risco. Isso porque a cadeia ainda teme mudanças na regulamentação do setor que podem ser realizadas por meio do Marco Regulatório da Mineração, que já é discutido há quase uma década e cujo projeto de lei apresentado pelo governo federal se encontra no Congresso Nacional desde 2013, sem perspectiva de votação.
Ainda que um passo seja dado na conclusão desse processo, os empresários ainda apontam que o estado precisa avançar na criação de uma infraestrutura adequada. Minério precisa de linhas férreas e um porto com capacidade maior que o de Natal, de acordo com o Sindicato da Indústria da Extração de Metais Básicos e de Minerais não Metálicos do Rio Grande do Norte.
No RN, ainda há outra barreira a ser vencida, na exploração de alguns materiais, como o caso do ouro e da scheelita: a necessidade de um grande volume de água, que está escassa nos últimos anos. Foi a falta de água um dos fatores que atrasou o investimento da mineradora australiana Crusader que vai explorar ouro no projeto Borborema, em Currais Novos, região do Seridó. De acordo com estudos da companhia, há mais de 4 milhões de toneladas de minério de ouro a serem exploradas na localidade.
Em entrevista ao NOVO no dia 21 de fevereiro, a geóloga Juciene Barros, representante da empresa, informou que a ideia era começar a operar em meados de 2017. Caso seja liberado o licenciamento ambiental, cujo processo já foi concluído pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, a operação deverá ser iniciada no segundo semestre de 2018. O investimento inicial é de R$ 400 milhões.
Segundo o presidente do sindicato local de empresários da mineração, Mário Tavares – que também é professor da área - o projeto da empresa australiana será o maior do estado e atrai a atenção de outros investidores para o estado. O próprio Mário negocia com uma empresa local e um grupo de neozelandeses uma parceria para exploração de ouro em São Fernando, município localizado também na região Seridó potiguar, de onde quer extrair entre dois e cinco quilos de ouro por mês – o que pode render mais de R$ 7 milhões em um ano. “Algo pequeno”, na avaliação dele.
O minerador lembra que o projeto apresentado pelos australianos prevê uma produção anual de três a cinco toneladas de ouro, que poderia totalizar algo em torno de R$ 610 milhões nesse período. “A expectativa com esse projeto é que a gente chegue ao patamar do passado. Esse grupo é de ponta em tecnologia mineral. O projeto chama a atenção e começa a aparecer gente interessada no estado”, diz. E não é apenas ouro que atrai estrangeiros. O interesse de investidores indianos é pelo ferro entre os municípios de Tangará e Sítio Novo. Uma planta de mineração está em fase de construção na localidade. Um grupo de espanhóis e norte-americanos pesquisa scheelita em Nova Cruz, região Agreste. Até hoje a localidade não tinha histórico desse tipo de exploração.
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