segunda-feira, 1 de junho de 2015

Cão vítima de violência tem a face reconstruída: 'Parecia um monstro'


Vera encontrou Bambam na rua e agora espera pela recuperação dele (Foto: Mariane Rossi/G1)

Vera encontrou Bambam na rua e agora espera pela recuperação dele (Foto: Mariane Rossi/G1)

A motorista particular Vera dos Santos, de 46 anos, encontrou o cachorro dentro de uma tubulação de esgoto em Cubatão. “Eu parei para pegar frutas perto de uma antiga Vila da região. Quando olhei vi que tinha um cachorro na minha frente. Eu fui me aproximando e observei que o rosto dele estava meio pendurado. Fui tentar pegar e ele rosnou para mim. Em seguida peguei o carro, ração e deixei lá para ele comer”, diz.
Um cachorro com o rosto completamente deformado passou por uma transformação e teve a face reconstruída em Santos, no litoral de São Paulo. A dona do cão, que o encontrou dentro de uma tubulação de esgoto, acredita que ele havia sido vítima de violência e abandonado em seguida por seus antigos donos.
Vera encontrou Bambam dentro de uma tubulação de esgoto (Foto: Vera Lucia dos Santos/Arquivo Pessoal)Vera encontrou Bambam dentro de uma tubulação
(Foto: Vera Lucia dos Santos/Arquivo Pessoal)
Vera e Bambam, antes da cirurgia (Foto: Vera Lucia dos Santos/Arquivo Pessoal)Vera e Bambam, antes da cirurgia (Foto: Vera Lucia
dos Santos/Arquivo Pessoal)
Vera tirou fotos do cachorro e postou nas redes sociais. Uma ONG de Cubatão viu a postagem e conseguiu ajuda para recolher o animal. “Eles deram alimentação, injeção e tiraram muitas larvas, além de terem limpado a boca. Eu peguei e o trouxe para a minha casa”, conta ela. A motorista suspeita que ele tenha sido vítima de algum tipo de violência, já que os veterinários acharam pólvora dentro da boca do cão.

Durante a convivência com o animal, Vera Lucia sempre notou que ele era muito arisco, mas, também, muito forte por aguentar viver com a boca totalmente deformada. Por isso, Lucia começou a chamá-lo de Bambam. “O nome é porque ele é baixinho, troncudinho e forte. Eu achei bonito. Veio na cabeça e ele gostou também”, lembra Lúcia.
Depois de dois dias, a motorista soube que o hospital veterinário da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) poderia avaliar o caso de Bambam e encontrar uma solução para a boca do cachorro, que permanecia aberta durante todo o tempo.
Veterinária Paola fez a reconstrução da face de Bambam (Foto: Mariane Rossi/G1)Veterinária Paola fez a reconstrução da face de Bambam (Foto: Mariane Rossi/G1)
“Ele chegou todo deformado. Sedamos ele para ver se as vias respiratórias estavam íntegras. Olhando, parecia que tinha alguma coisa comprometida, mas estava tudo bem. A gengiva estava toda exposta, ressecando. Ele comia, bebia água, respirava bem mas era um cachorro horrível de se olhar”, afirma a professora universitária e cirurgiã veterinária Paola Américo.
A equipe do hospital-escola fez uma reconstrução de face em Bambam, de forma gratuita, já que a motorista não tinha condições de pagar pelo procedimento, que custa cerca de R$ 2 mil. O resultado da operação, que durou duas horas, foi excelente. “Aqui na faculdade a gente nunca tinha feito. É difícil receber casos que tem que fazer reconstrução estética no cão. Ali tinha um comprometimento perante a sociedade muito grande. A dona Vera saia na rua e as pessoas atravessavam a rua com medo dele, porque ele parecia um monstro”, explica Paola.
No mesmo dia da cirurgia, Bambam foi para a casa de Vera e começou a tomar os medicamentos pós-cirúrgicos. Depois de quatro dias, porém, Bambam foi atacado por um cachorro. Vera o levou novamente para o hospital e, desde então, ele está internado em uma clínica particular tomando antibiótico, anti-inflamatório e isolado, para evitar brigas com outros cães. Ele deve ficar no local até se recuperar e estar pronto para uma nova cirurgia. “Assim que for liberado ele vai ficar comigo. Não largo mais. Não tem ninguém que não se apaixone por ele, pelo olhar dele”, finaliza Vera.
Todas as fases de Bambam, antes do segundo ataque (Foto: Divulgação/Unimes)Todas as fases de Bambam, antes de sofrer ataque (Foto: Divulgação/Unimes)

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