domingo, 5 de julho de 2015

Montanhismo comemora 150 anos com tecnologia e picos inexplorados


Atividade começou a se tornar esporte em 1865 nos Alpes europeus.
Entre os pioneiros estavam crítico literário, juiz e explorador.

Da France Presse

 
Foto feita em 3 de junho em Chamonix-Mont-Blanc mostra os Alpes franceses e o lago com o Mont Blanc ao fundo (Foto: Jean-Pierre Clatot/AFP)Foto feita em 3 de junho em Chamonix-Mont-Blanc mostra os Alpes franceses e o lago com o Mont Blanc ao fundo (Foto: Jean-Pierre Clatot/AFP)
Um crítico literário, um juiz e um explorador estavam no pequeno grupo de ricos britânicos que conquistaram os picos mais altos dos Alpes europeus há 150 anos, nunca esperando que seu hobby se tornasse um esporte de alcance mundial.
O montanhismo atrai atualmente pessoas de todos os estilos de vida e lugares do mundo, alcançando topos bem além da cordilheira alpina, onde tudo começou em 1865.
“Tudo mudou em apenas dois dias”, disse Claude Marin, um guia que está organizando as celebrações dos 150 anos da conquista em Chamonix, um dos ressortes de esqui e escalada mais antigos da França, que fica na sombra do Mont Blanc, o pico mais alto dos Alpes.

Na descida, três outros britânicos e um guia, o legendário alpinista de Chamonix Michel Croz, escorregaram e morreram. O acidente lançou um forte debate no
 Reino Unido sobre o possível banimento da prática.Em 14 de julho de 1865, o explorador, ilustrador e autor Edward Whymper fez história ao alcançar os 4.478 metros de altura do Matterhorn, montanha na fronteira entre Itália e Suíça.
No dia seguinte, entretanto, outro grupo conseguiu alcançar um pico ainda mais alto, do Mont Blanc, que fica entre França e Itália.
Apesar de não terem sido os primeiros a realizar a façanha – ela ocorreu em 1786 – eles foram os primeiros a fazê-la pela rota mais difícil, pelo lado italiano.
Atualmente, o Mont Blanc atrai dezenas de milhares de alpinistas todos os anos – mas apenas um pequeno número alcança seu topo.
Era de ouro
O ano de 1865 “foi o início do montanhismo como o esporte que praticamos hoje”, afirma Marin.
Durante a década anterior, a prática era tratada como algo para clubes, e o alpinismo deixou de ter como motivação original a exploração científica.
 Pessoas aprendem a escalar na ‘Rocher des Gaillands’ em foto de 3 de junho em Chamonix-Mont-Blanc, nos Alpes franceses (Foto: Jean-Pierre Clatot/AFP)Pessoas aprendem a escalar na ‘Rocher des Gaillands’ em foto de 3 de junho em Chamonix-Mont-Blanc, nos Alpes franceses (Foto: Jean-Pierre Clatot/AFP)
Das 81 pessoas que escalaram pela primeira vez os Alpes e os Pirineus naquele ano, os britânicos eram a maioria, segundo registros locais.
Dos 63 montanhistas que conquistaram 65 topos de montanhas naquele ano, 34 eram britânicos, seguidos de 13 austríacos, nove suíços, seis italianos e um francês. Um total de 53 guias ajudaram nas escaladas.
Oito anos antes, um grupo de elite britânico havia formado o primeiro clube de montanhismo, com 28 pessoas. Eles promoviam a atividade tanto como esporte como aventura cultural, incentivando os participantes a imortalizar as paisagens em textos, fotos e pinturas.
Para o aniversário de 150 anos, algumas dessas peças serão exibidas pela primeira vez no continente. Em Charmonix também será realizada a Copa do Mundo de Escalada, entre os dias 11 e 12 de julho.
Tecnologia
Desde 1865, cerca de 500 montanhistas perderam suas vidas na região.
Atualmente, os praticantes do esporte contam com equipamentos sofisticados e de alta tecnologia, estando longe da realidade dos pioneiros que enfrentavam as trilhas com um pouco mais do que sua própria energia, bom senso e grossas camadas de pele de ovelha para sobreviver às baixas temperaturas.
Os telefones celulares permitem que os alpinistas do século XXI tenham rotas muito bem traçadas, deixando muito pouco ao acaso.
“Escalar se tornou algo democrático, principalmente por causa da cartografia”, diz o presidente da associação de guias de Chamonix, David Ravanel.
Apesar disso, ainda há muitos territórios a serem explorados, dos vales do Paquistão a áreas naAntártica.
Foto de dezembro de 2013 mostra o Aiguille Du Midi em Chamonix, no Mont Blanc (Foto: Jean-Pierre Clatot/AFP)Foto de dezembro de 2013 mostra o Aiguille Du Midi em Chamonix, no Mont Blanc (Foto: Jean-Pierre Clatot/AFP
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