sábado, 19 de setembro de 2015

Entenda melhor a Doença de Alzheimer, seus sintomas e tratamento

Já  que o Dia Mundial da Conscientização da Doença de Alzheimer, 21 de setembro, está se aproximando, resolvemos esclarecer algumas dúvidas sobre o assunto. Para isso, conversamos com Elizabeth Piovezan e Elena Pino Campos Figueroa, que vieram até o escritório do Mega Curioso, em nome doInstituto Alzheimer Brasil, organização não governamental criada por Elizabeth em Curitiba.

A doença

Alois Alzheimer
A Doença de Alzheimer foi descoberta no início do século passado pelo médico alemão Alois Alzheimer, depois de tratar uma paciente de 51 anos que foi encaminhada ao hospital por apresentar comportamentos estranhos, irritação e episódios de delírio. Quatro anos depois da primeira consulta, a paciente acabou morrendo e Alois estudou seus tecidos cerebrais, descobrindo que a região do córtex cerebral estava atrofiada, o que provoca alterações proteicas, mata neurônios e reduz as conexões entre essas células nervosas.
Desde os estudos do médico alemão, a doença vem sendo mais bem conhecida e, na medida em que isso acontece, percebemos que esse tipo de demência é cada vez mais comum – só no Brasil, a estimativa é a de que 1,2 milhão de pessoas tenham Alzheimer.
Ainda não se sabe ao certo por que a doença se manifesta. Mais comum em idosos, o Alzheimer é uma condição degenerativa que provoca a morte das células cerebrais, comprometendo funções relacionadas à memória, às funções cognitivas, ao convívio social, ao humor e à capacidade de tomar decisões racionalmente.
No início, é comum que a família perceba pequenas alterações comportamentais no paciente, que fica confuso, agressivo e, em alguns momentos, quieto e isolado. O portador passa a ter dificuldades para realizar tarefas comuns cotidianas e começa a se confundir com relação a tempo e espaço, assim como geralmente perde o interesse por realizar tarefas que antes eram prazerosas.
É fundamental que a pessoa passe por uma avaliação médica logo que apresentar os primeiros sintomas. O Alzheimer não tem cura, mas o tratamento com os medicamentos e cuidados corretos podem retardar o avanço da doença.

Interação da família com o paciente

Quando a pessoa começa a apresentar os primeiros sintomas, é natural que ela se comporte de maneira agressiva, confusa e desorientada. Muitos familiares, assustados, ficam ofendidos com o paciente ou se apegam à ideia de que é normal ficar desorientado na velhice.
O diagnóstico do Alzheimer pode demorar, e a doença só é totalmente confirmada por meio de um exame minucioso, que só pode ser realizado depois da morte da pessoa. Geralmente, recomenda-se que a família não conte ao paciente que ele é portador da doença – contar gera um grande desgaste emocional que, por causa da perda da memória, acaba promovendo apenas sofrimento.
Uma vez feito o diagnóstico, é fundamental que a família do paciente se reúna para decidir quais medidas serão tomadas. Isso inclui questões de moradia, orçamentárias, psicológicas e de rotina de vida.
No início da doença, o portador requer uma atenção não muito constante, pois ainda consegue falar, comer, andar e se comunicar com certa efetividade. Ainda assim, é recomendado que a família passe a tomar alguns cuidados redobrados. Permitir que o paciente saia de casa sem companhia, por exemplo, é totalmente não aconselhável.
Para garantir a segurança física do portador e o seu bem-estar psicológico, recomenda-se que a família não fale sobre o Alzheimer em sua frente. Com o passar do tempo, a estrutura familiar fatalmente passará por algumas reformas. É fundamental que objetos considerados perigosos e medicamentos em geral fiquem longe do alcance do portador.
Elizabeth recomenda, ainda, que a família encontre uma forma de manter alguma forma de identificação junto ao portador, com seu nome, endereço e um telefone para contato. Por mais que todos os cuidados sejam tomados, há sempre a chance de que a pessoa acabe conseguindo sair de casa sem ser notada. Nesses casos, recomendamos que essa identificação esteja presa ao portador por meio de uma pulseira ou algum cartão.
Como a pessoa perde algumas capacidades cognitivas, é normal que ela comece a apresentar dificuldades de fala e locomoção também. Por isso é importante evitar a presença de objetos que possam facilitar quedas, como tapetes, fios de aparelhos eletrônicos, sapatos, objetos de limpeza e outros itens que possam provocar acidentes. É recomendado também que a pessoa não se levante da cama sozinha ao acordar – uma ajuda nessa hora é bem-vinda, para evitar um possível tombo provocado por quedas de pressão.
Outros cuidados necessários incluem não deixar que a pessoa ande por ambientes com o piso liso, molhado ou sem iluminação. É importante também deixar sempre uma luminária acesa durante a noite para que o paciente não se atrapalhe caso levante para ir ao banheiro. Se houver escadas em casa, é fundamental a instalação de um corrimão e de material antiderrapante em cada degrau. No banheiro, recomenda-se o uso de barras de apoio e de tapetes antiderrapantes também. Cadeiras de banho e de rodas poderão ser necessárias com o passar do tempo.
O Instituto recomenda, ainda, que a família do paciente cuide também de outros pontos de sua saúde. Fazer uma visita ao oftalmologista, por exemplo, é uma ótima ideia, afinal, enxergar bem pode diminuir o risco de quedas. Da mesma maneira, é importante que o portador beba água regularmente e tenha alguém para ajudá-lo com relação às suas refeições.
Como esquecem o que fizeram recentemente, ainda mais no início da doença, é recomendado que a família o acompanhe durante as refeições, pois o portador costuma esquecer que já almoçou, por exemplo. Com o passar do tempo, a pessoa começa a apresentar dificuldades para levar o alimento até a boca, mastigar e até mesmo engolir.
Dessa maneira, a família precisa facilitar o processo, cortando alimentos, escolhendo itens mais fáceis de mastigar e engolir; aos poucos, talvez seja necessário fazer mais papinhas para o paciente do que alimentos sólidos.
Se a pessoa ainda está em condições de sair de casa, é fundamental ficar atento a alguns fatores como o uso dos sapatos (devem ser fechados, sem salto e com solado antiderrapante), bengalas, se necessário, e outros itens, como óculos e aparelhos auditivos.

A Terapia da boneca

Arquivo pessoal
É muito comum, quando a doença já está relativamente avançada, que as pacientes mulheres, principalmente, comecem a sentir certa necessidade de cuidar de alguém, de demonstrar amor e afeto e, dessa maneira, se sentirem úteis.
Como perdem a capacidade cognitiva, não conseguem expressar essa necessidade e geralmente começam a enrolar pedaços de pano como se fossem um cobertor de bebê ou seguram almofadas e peças de roupa como se estivessem com um recém-nascido no colo.
É por isso que a Terapia da Boneca costuma trazer bons resultados. As idosas acreditam que a boneca é realmente um bebê de verdade e, dessa forma, ao cuidarem da “criança”, ficam menos agressivas e mais felizes. A grande dica nesse sentido é nunca presentear a paciente com uma boneca na caixa, como se ela fosse criança.
A aproximação da idosa com a boneca precisa ser natural. Por isso, deixe a boneca em cima de uma cama ou de um sofá. Se a idosa demonstrar preocupação de que a “criança” caia ou se machuque, possivelmente ela se aproximará da boneca e o processo de afeto começa naturalmente. O ideal é que a boneca seja pequena e leve.

E a família do portador?

Não é apenas o paciente que fica confuso e desorientado com a chegada da doença. É comum que os familiares da pessoa acabem se irritando com ela ou esperando que ela volte a se comportar como antes. Nesses casos, é preciso compreender que o portador não está se comportando daquela maneira por vontade própria. Não recriminar o familiar com a Doença de Alzheimer é fundamental para que o bem-estar dele seja assegurado de alguma forma.
Igualmente importante é não perder a paciência com as perguntas repetitivas ou com a eventual teimosia e irritação do portador. É normal que o cuidador se estresse com a mudança de rotina, dos hábitos familiares e, inclusive, com a sensação de que aquele familiar com quem sempre se teve um elo emocional se tornou um “estranho”.
O cuidador se vê, de uma hora para a outra, forçado a mudar sua rotina, a depender da ajuda de outras pessoas e a cuidar de uma “criança grande”. Nesse sentido, o Instituto Alzheimer Brasil atua promovendo palestras para cuidadores e, inclusive, reuniões de grupos de apoio. Se você é um cuidador e se sente sozinho, tente descobrir se há iniciativas como as do Instituto em sua cidade. Nesta segunda-feira, 21, o Instituto promove em Curitiba a palestra “E Quem Cuida do Cuidador?”.

Existe prevenção?

Para Elizabeth, é importante buscarmos manter uma boa saúde física e mental como forma de prevenção. Ela nos aconselha a manter uma alimentação saudável e com baixos índices de gordura, além da prática de exercícios físicos e da adoção de hábitos de vida saudáveis, como não fumar, ter uma vida social ativa e manter a mente ocupada com leitura, jogos de raciocínio e memória.
Em 2012, 35,6 milhões de pessoas foram diagnosticadas com a doença em todo o planeta. Esse número deve subir para 65,7 milhões até 2030. A conscientização sobre a doença, que ainda é desconhecida para grande parte da população, é fundamental para o bem-estar do portador e, logicamente, de sua família.
Na próxima segunda-feira (21), o Madero Steak House de Curitiba vai ajudar o Instituto Alzheimer Brasil a arrecadar fundos para continuar realizando suas atividades. Nesse dia, 10% da venda dos Cheesegurgers Madero serão destinados à Instituição. 

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