São poucas as pessoas que, conscientemente, se declaram hoje machistas ou racistas. No entanto, a rejeição ao outro está na base da biologia humana. Entre os seres humanos, a suspeita contra quem não é do grupo é um extra da sobrevivência. Hoje, a cultura suavizou esse preconceito, mas mesmo que inconsciente, ele ainda está lá. Isso fica demonstrado pela tendência a contratar um homem, em vez de uma mulher, ou nos casos persistentes de violência policial contra as minorias étnicas.
Para medir esse viés, psicólogos norte-americanos criaram, há mais de uma década, o Teste de Associação Implícita (TAI). Trata-se de um jogo no qual é preciso ligar imagens com palavras, como uma imagem de uma pessoa de raça negra com termos positivos ou negativos. E isso deve ser feito o mais rápido possível, sem pensar. Seu objetivo é distrair o cérebro para enfraquecer sua capacidade de resposta consciente e deixar aflorar o que você realmente sente pelo outro. Na edição espanhola, por exemplo, é possível fazer o teste Negro-Branco, Madri-Catalunha, Jovem-Velho... Uma advertência, você pode não gostar dos resultados.
Agora, pesquisadores da Universidade Northwestern (EUA) usaram uma versão da TAI com 40 alunos, a metade homens e a metade mulheres, todos brancos. Mas seu objetivo não era verificar o seu viés social contra negros ou de gênero, mas se era possível desaprender esse preconceito. Primeiro confirmaram a validade do teste. Metade dos alunos viu imagens de negros e brancos associadas a palavras negativas ou positivas. À outra metade, foram mostradas fotos de casais de meninos e meninas, com termos relacionados com a ciência ou arte e literatura. Em uma escala de zero (sem preconceito) a 1 (preconceito máximo), a pontuação média foi superior a 0,55.
Os participantes do estudo realizaram um teste antiestereótipos racistas e de gênero
Após o treinamento, os psicólogos mostraram os resultados aos participantes e pediram para que repetissem o teste, mas com a cabeça, pensando a relação entre imagens e palavras e escolhendo as não discriminatórias. Quando acertavam, o programa emitia um som. No final da tarefa, os voluntários foram convidados a dormir durante 90 minutos. O objetivo não era que descansassem, mas aplicar o que a ciência chama de consolidação das memórias através do sono. Além de reparar, o sonho é o mecanismo que o cérebro usa para fixar na memória ou descartar as experiências e lições do dia.
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