Chame como quiser: sexto sentido, intuição, palpite, sensação, energia. Não importa o nome, mas de vez em quando todo mundo, quando está diante de uma decisão acirrada, acaba “sentindo” que deve tomar determinada atitude. Essas intuições muitas vezes são vistas como uma bobagem na qual não devemos acreditar, mas será que é isso mesmo?
O Fast Company falou recentemente sobre o assunto e expôs a opinião de alguns cientistas renomados. Por mais bizarro que pareça, ao que tudo indica, nossa intuição realmente funciona, especialmente quando o assunto envolve alguma questão no trabalho.
Segundo o neurocientista Antonio Damasio, da Universidade do Sul da Califórnia, é importante prestarmos atenção ao que ele chama de “marcadores somáticos”, que nada mais são do que mensagens que surgem das áreas cerebrais do lobo da ínsula (região responsável pelas emoções sociais, como culpa e orgulho) e da amígdala (responsável por nos provocar respostas a ameaças). Essas mensagens são aquelas que nos fazem sentir que algo parece certo – ou errado demais.
Não que você precise sair por aí tomando decisões com base apenas naquilo que sente como correto. Na verdade, o ideal é manter o foco racional atento e, ao analisar os fatos concretos de uma nova estratégia de trabalho, por exemplo, escutar também o que seu instinto diz. Para Damasio, a combinação da análise racional com a instintiva nos ajuda a tomar melhores decisões.
Para comprovar
O neurocientista chegou a essa conclusão, logicamente, depois de realizar uma série de testes. Em um experimento que chamou de Iowa Gambling Task, Damasio reuniu um grupo de voluntários que participariam de uma série de jogos de aposta com a finalidade de levar algum dinheiro para casa.
Os voluntários deveriam escolher um estilo de cartas de baralho para fazer suas apostas. Entre as opções de cartas, duas eram consideradas “lucrativas” e outras duas, “arriscadas”. Enquanto tomavam suas decisões, os participantes tinham seus níveis de estresse monitorados. O resultado mostrou que depois de jogarem com 10 cartas consideradas “arriscadas”, essas pessoas já demostravam sinais de ansiedade, o que significa que seus sentimentos estavam se manifestando mais rapidamente do que seus pensamentos racionais.
Outro estudo, feito pela professora Shabnam Mousavi, da Johns Hopkins Carey Business School, reforça a ideia defendida pela autora há algum tempo de que a nossa intuição pode ser melhor ferramenta do que medidas calculadas e extremamente racionais em determinadas situações.
Mousavi acredita que ter muitas informações concretas quando precisamos tomar uma decisão pode não ajudar em nada. Em um teste realizado entre estudantes alemães e norte-americanos, Mousavi se surpreendeu com as respostas. Os alunos teriam que adivinhar qual cidade era a maior: Detroit ou Milwaukee. No final das contas, 90% dos alemães e 60% dos norte-americanos acertaram as respostas.
Isso aconteceu simplesmente porque os alemães escolheram a cidade sobre a qual mais tinham ouvido falar – para eles, significava que ela era a maior das duas opções. Bingo. Por outro lado, os norte-americanos ficaram tentando responder com base no que sabiam a respeito de cada uma das cidades e, no final das contas, acabaram errando mais.
Os cientistas repararam também que se tivessem escolhido duas cidades completamente desconhecidas para os dois grupos de estudantes, os resultados seriam possivelmente diferentes. Da mesma forma, profissionais novos na área financeira parecem conseguir trabalhar tão bem quanto os mais experientes quando precisam cuidar de questões de estoque. Por outro lado, se recebem uma cartela de marcas desconhecidas para analisar, quem fica à frente é o profissional mais experiente. Isso também reforça a teoria de Damasio.
A recomendação das duas pesquisas é simples: devemos confiar mais em nossos instintos, mas em situações nas quais possamos ter também outras informações complementares a respeito da decisão que deve ser tomada.
A empresária Angela Jia Kim elaborou uma série de perguntas que, segundo ela, podem nos ajudar a tomar decisões de forma mais clara, principalmente quando nossa intuição está em jogo:
- Eu me sinto bem ao lado dessa pessoa ou dessa escolha?
- Será que essa pessoa ou essa situação tira ou me dá energia?
- Me sinto capacitado ou sem poder?
- Estou me aventurando ou com muito medo?
- Estou aprendendo com os erros que cometi no passado?
- Será que eu faria essa mesma escolha se tivesse 1 milhão de dólares no meu bolso agora?
- Me sinto respeitado e valorizado?
- Estou tentando controlar a situação ou não?
Para Angela, responder a essas questões nos ajuda a decidir se podemos ou não podemos confiar em nossas intuições diante de determinadas situações.
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