Rio - O pente-fino do INSS perderá a validade na próxima sexta-feira, dia 4. Isso porque a Medida Provisória 739 — que estabelece parâmetros para revisão de benefícios por incapacidade concedidos judicialmente — não foi votada na última quarta-feira por falta de quórum no Congresso Nacional. Assim, a política de bonificação de R$ 60 dos peritos a cada exame extra, que está prevista na medida provisória, para as revisões, está por um fio. Na última sexta-feira, o ministro interino do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo de Oliveira, informou que o governo pode pagar retroativamente os bônus dos peritos do INSS, caso a medida provisória perca a validade e um projeto de lei não seja aprovado a tempo de substituí-la. “O bônus só pode ser pago com amparo legal. Estamos verificando, caso haja esse interregno (de a MP expirar sem aprovação), se o pagamento pode ser feito de maneira retroativa”, afirmou o ministro.
Confira:
R$ 60
Valor do bônus que os peritos que aderiram ao programa do governo têm direito por cada revisão de benefício.
R$ 7 BI
Valor que o governo estima economizar por ano com o corte dos auxílios-doença concedidos judicialmente.
Custo de R$127 milhões
Médicos-peritos recebem bônus sem precisar fazer hora extra
Dos 4,2 mil médicos-peritos do INSS no país, 2,6 mil aderiram ao programa de revisão de benefícios do governo. Cada perito recebe R$ 60 por atendimento no âmbito do pente-fino, sem a necessidade de fazer hora extra.
Dos 4,2 mil médicos-peritos do INSS no país, 2,6 mil aderiram ao programa de revisão de benefícios do governo. Cada perito recebe R$ 60 por atendimento no âmbito do pente-fino, sem a necessidade de fazer hora extra.
Em setembro, quando começaram as revisões, o presidente do INSS, Leonardo Gadelha, chegou a afirmar que o atendimento das revisões seria feito no mesmo horário de trabalho dos profissionais.
Gadelha informou ainda que o atendimento das perícias extras no horário normal de trabalho se daria devido ao alto número de desistências das pessoas que marcam atendimento e faltam no dia. Cada perito faz, em média, 15 atendimentos por dia.
Para ganhar o bônus, os médicos do INSS devem manter o mesmo número de atendimentos e fazer quatro atendimentos de revisão dos benefícios por incapacidade por dia e 20 por semana no pente-fino.
O custo estimado é de R$127 milhões em pagamentos de bônus nos dois anos previstos para a revisão completa dos benefícios.
Ação civil pública contra revisões
A Defensoria Pública da União (DPU) chegou a recomendar ao INSS a suspensão da operação. Mas o instituto se negou a suspender o pente-fino nos auxílios-doença judiciais e manteve a convocação dos segurados. Diante da negativa do instituto a Defensoria informou ao DIA que ajuizará ação civil pública para suspender o programa de revisão de benefícios.
O pedido da Defensoria Pública da União tem como base a demora no atendimento nos postos para que o segurado consiga passar pela primeiro exame e começar a receber o auxílio-doença. Mas, para o INSS não há demora no atendimento.
“As perícias do Programa de Revisão de Benefícios por Incapacidade (PRBI) não afetam a realização das perícias que fazem parte da rotina normal do instituto, inclusive a concessão de benefícios”, informou em nota o INSS.
A fila do atendimento normal do INSS ainda estaria atrasada por conta da greve dos peritos de mais de cem dias que só acabou no início deste ano. Hoje, a média nacional de espera é de 35 dias — o ideal seria menos de 30. Esse tempo médio de espera para o agendamento chegou a 90 dias durante a paralisação. Atualmente, há regiões que o segurado espera 160 dias para ser atendido na agência.
O defensor público federal Daniel Macedo orienta que os segurados do INSS que tiveram seus auxílios-doença suspensos pelo pente-fino devem recorrer à Justiça para reverter o corte de benefícios.
O defensor público federal Daniel Macedo orienta que os segurados do INSS que tiveram seus auxílios-doença suspensos pelo pente-fino devem recorrer à Justiça para reverter o corte de benefícios.
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