+ Em reunião, clubes põem fim à venda de mando de campo no Brasileiro 2017
+ Com jogos do Fla na mira, governo do DF critica fim do mando fora do estado
+ Mandos vendidos a Manaus são 50% da renda da Arena AM em 2016
Movimento #LiberaCBF pede liberação de venda de mando de campos para o Brasileirão (Foto: Reprodução)
Desde que foram reformadas ou construídas, as arenas que sediaram a Copa do Mundo receberam 47 partidas válidas pelo Campeonato Brasileiro. O lucro é de aproximadamente R$ 6 milhões, quantia atraente se considerar o fato de que nenhumas das praças contam com representantes na elite do futebol há, pelo menos, cinco anos.
A
situação é preocupante, e os responsáveis pelos espaços
estão longe de aceitar a nova medida. O titular da Secretaria de
Juventude,
Esporte e Lazer do Amazonas (Sejel) e responsável pela manutenção da
Arena da Amazônia, Fabrício Lima, prometeu unir o grupo de estádios
‘’abandonados’’ para
reivindicar o planejamento da CBF. A despesa anual da Arena da Amazônia
beira
os R$ 6 milhões.
- Nós (gestores dos estádios) estamos montando um ofício para apresentar o documento na CBF em
conjunto. Não fiz contato pessoal com os representantes (das arenas) ainda, mas
queremos ir depois do Carnaval. A CBF precisa entender que essa receita (obtida
com venda de mando) reflete diretamente no nosso futebol local, pois é com esse dinheiro que
facilitamos os jogos entre times amazonenses no local, por exemplo – disse Lima.
O secretário estadual de esportes do Mato Grosso, Leonardo
Oliveira, endossa do discurso do amazonense. O curioso é que o valor do aluguel de campo da Arena Pantanal não
consta no borderô da CBF em 2014.
Arenas ficam "abandonadas" pela CBF com a nova decisão sobre os mandos de campo (Foto: GloboEsporte.com)
- Concordo também com o protesto. Acho que a CBF não estaria contribuindo
para que pudesse crescer o esporte daqui (Cuiabá). Temos um patrimônio muito
grande e a maneira que encontramos para mantê-lo é com a CBF nos ajudando. A
vinda de futebol de fora ajuda o nosso futebol local e o futebol brasileiro também. É bom para todo
mundo. Para mim, a CBF precisa e vai repensar essa decisão – acrescentou.
Das quatro sedes, quem mais sai perdendo, com certeza, é o Distrito
Federal. O local abrigou, até o momento, 31 jogos, desde sua inauguração para receber a Copa. A renda, apenas com aluguel
de campo, desconsiderando a taxa da Federação local, é de cerca de R$ 4,5
milhões. Por isso, o protesto do secretário de Esporte, Turismo e Lazer de
Brasília e responsável pela gestão do estádio Mané Garrincha, Jaime Recena. De
acordo com ele, já havia negociações avançadas para receber o Flamengo em pelo
menos quatro ocasiões.
- É uma decisão muito ruim. E, na minha opinião, equivocada.
Fere principalmente o torcedor. Não prejudica somente os estados que não vão
mais poder receber jogos. Mas prejudica o torcedor daquele estado, que vão ter
cerceado o direito de ver seu clube na sua casa... O Flamengo estava
encaminhado para alguns jogos do Campeonato Brasileiro em Brasília, já tínhamos
até fechado esse compromisso. Com essa decisão, vamos renegociar tudo - disse
Recena.
Se um sai perdendo muito, há quem nem sinta tanta diferença.
Esse é o caso da Arena das Dunas, em Natal. O estádio, que recebeu quatro jogos
de Copa do Mundo, é o único privatizado, pela OAS Engenharia. Desde 2014, o
local destaca-se por sediar diversos eventos culturais, como shows e outras
cerimônias. Campeonato Brasileiro? Apenas dois jogos, em 2015 e 2016. O
Flamengo, único a ter atuado nas quatro arenas, foi o mandante. O lucro é de "apenas"
R$ 270 mil.
Solução?
Como diz o ditado: "Quem
não tem cão, caça como gato.’’ Se a decisão for mantida, as arenas,
necessariamente, vão precisar de outra saída para diminuir os gastos anuais
exorbitantes das manutenções. E a resposta pode vir no futebol mesmo, mas em
outras competições, tanto nacionais quantos internacionais.
- A gente perde uma possibilidade, que é o Campeonato
Brasileiro. Mas ainda existem outros campeonatos, que não têm proibição ainda,
como a Copa do Brasil, a Libertadores, a Copa Sul-Americana, a Primeira Liga ou
até mesmo os Estaduais – concluiu Recena, com ideais semelhantes às do
Amazonas.
Já o responsável pela Arena Pantanal mira outros
planejamentos. A ideia é fundar uma escola de esportes no interior do estádio.
- Não há shows o suficiente para dar lucro, precisamos
arranjar outra forma de utilizá-las.
Estou fazendo uma escola lá dentro. Primeira escola de excelência de
Mato Grosso. Duas horas de esportes, professores técnicos acompanhando... Vamos
transformar a Arena em um local de ensino - finalizou
arena da amazônia
Flamengo e Vasco têm recorde de público na Arena (Antônio Lima/Sejel)
Foram apenas cinco jogos do Campeonato
Brasileiro, sendo três da Série A, todos em 2014, e um dois da Série B, ambos
com Vasco, em 2014 e 2016. O lucro, somente com aluguel de estádio, é de
R$ 847.489,25. Esse valor pagaria pouco mais de 10% da
despesa anual do espaço, que gira em torno dos R$ 6 milhões. Sem o Brasileirão,
as alternativas, além de shows, têm sido receber jogos do Campeonato Carioca e,
ano passado, seleção brasileira. Inclusive, o público recorde do estádio foi na
semifinal do Carioca de 2016, entre Flamengo e Vasco, quando mais de 44 mil
pessoas prestigiaram o clássico.
arena pantanal
Arena Pantanal sempre sofreu com baixa procura (Foto: Fred Gomes)
Mais um que não é muito requisitado pelos times de ponta do país, a Arena Pantanal ainda conta com um ponto negativo: dos nove jogos que recebeu, sendo um da segunda divisão - desconsidera-se Luverdense-MT - apenas três tiveram o valor do aluguel divulgados. Dessa forma, a renda é toda contabilizada de 2015 e 2016: R$173.060. A quantia não faz cócegas nos gastos mensais de cerca de R$ 700 mil do estádio.
mané garrinCHa
Mané Garrinhca foi o maior beneficiado com jogos do Brasileirão (Foto: André Borges / Secopa-DF)
Mais caro dos estádios construídos para a Copa do Mundo, com
gastos de mais de R$ 1 bilhão, o estádio do Distrito Federal é o maior entre os
‘’elefantes brancos’’, com capacidade para mais de 70 mil pessoas. As despesas,
claro, também são maiores. Assim como a receita. Desconsiderando estaduais,
Primeira Liga, Copa do Brasil, entre outros, quase R$ 4,5 milhões foram
arrecadados no período de 2013 a 2017. Foram 31 mandos vendidos a Brasília, que
conta, principalmente, com o público flamenguista.
arena das dunas
Flamengo e Fluminense em Natal (Foto: Alexandre Lago/GloboEsporte.com)
Menor estádio entre os quatro (capacidade para 31.375
torcedores) e distante do eixo, o estádio potiguar é outro pouco procurado
pelas equipes da elite nacional. Pela Série A, foram apenas dois jogos, todos
do Flamengo. Mesmo assim, quase 50 mil pessoas foram ao local, gerando uma
bonificação de R$ 270.610. Único dos palcos que é privatizado, a Arena das
Dunas, necessariamente, busca soluções em eventos culturais ou até mesmo em
outros torneios de futebol, como estadual, Série B (principalmente quando ABC
era representante), e jogos da seleção brasileira, tanto masculina quanto
feminina.
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