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Desde que foram reformadas ou construídas, as arenas que sediaram a Copa do Mundo receberam 47 partidas válidas pelo Campeonato Brasileiro. O lucro é de aproximadamente R$ 6 milhões, quantia atraente se considerar o fato de que nenhumas das praças contam com representantes na elite do futebol há, pelo menos, cinco anos.
A
situação é preocupante, e os responsáveis pelos espaços
estão longe de aceitar a nova medida. O titular da Secretaria de
Juventude,
Esporte e Lazer do Amazonas (Sejel) e responsável pela manutenção da
Arena da Amazônia, Fabrício Lima, prometeu unir o grupo de estádios
‘’abandonados’’ para
reivindicar o planejamento da CBF. A despesa anual da Arena da Amazônia
beira
os R$ 6 milhões.
- Nós (gestores dos estádios) estamos montando um ofício para apresentar o documento na CBF em
conjunto. Não fiz contato pessoal com os representantes (das arenas) ainda, mas
queremos ir depois do Carnaval. A CBF precisa entender que essa receita (obtida
com venda de mando) reflete diretamente no nosso futebol local, pois é com esse dinheiro que
facilitamos os jogos entre times amazonenses no local, por exemplo – disse Lima.
O secretário estadual de esportes do Mato Grosso, Leonardo
Oliveira, endossa do discurso do amazonense. O curioso é que o valor do aluguel de campo da Arena Pantanal não
consta no borderô da CBF em 2014.

- Concordo também com o protesto. Acho que a CBF não estaria contribuindo
para que pudesse crescer o esporte daqui (Cuiabá). Temos um patrimônio muito
grande e a maneira que encontramos para mantê-lo é com a CBF nos ajudando. A
vinda de futebol de fora ajuda o nosso futebol local e o futebol brasileiro também. É bom para todo
mundo. Para mim, a CBF precisa e vai repensar essa decisão – acrescentou.
Das quatro sedes, quem mais sai perdendo, com certeza, é o Distrito
Federal. O local abrigou, até o momento, 31 jogos, desde sua inauguração para receber a Copa. A renda, apenas com aluguel
de campo, desconsiderando a taxa da Federação local, é de cerca de R$ 4,5
milhões. Por isso, o protesto do secretário de Esporte, Turismo e Lazer de
Brasília e responsável pela gestão do estádio Mané Garrincha, Jaime Recena. De
acordo com ele, já havia negociações avançadas para receber o Flamengo em pelo
menos quatro ocasiões.
- É uma decisão muito ruim. E, na minha opinião, equivocada.
Fere principalmente o torcedor. Não prejudica somente os estados que não vão
mais poder receber jogos. Mas prejudica o torcedor daquele estado, que vão ter
cerceado o direito de ver seu clube na sua casa... O Flamengo estava
encaminhado para alguns jogos do Campeonato Brasileiro em Brasília, já tínhamos
até fechado esse compromisso. Com essa decisão, vamos renegociar tudo - disse
Recena.
Se um sai perdendo muito, há quem nem sinta tanta diferença.
Esse é o caso da Arena das Dunas, em Natal. O estádio, que recebeu quatro jogos
de Copa do Mundo, é o único privatizado, pela OAS Engenharia. Desde 2014, o
local destaca-se por sediar diversos eventos culturais, como shows e outras
cerimônias. Campeonato Brasileiro? Apenas dois jogos, em 2015 e 2016. O
Flamengo, único a ter atuado nas quatro arenas, foi o mandante. O lucro é de "apenas"
R$ 270 mil.
Solução?
Como diz o ditado: "Quem
não tem cão, caça como gato.’’ Se a decisão for mantida, as arenas,
necessariamente, vão precisar de outra saída para diminuir os gastos anuais
exorbitantes das manutenções. E a resposta pode vir no futebol mesmo, mas em
outras competições, tanto nacionais quantos internacionais.
- A gente perde uma possibilidade, que é o Campeonato
Brasileiro. Mas ainda existem outros campeonatos, que não têm proibição ainda,
como a Copa do Brasil, a Libertadores, a Copa Sul-Americana, a Primeira Liga ou
até mesmo os Estaduais – concluiu Recena, com ideais semelhantes às do
Amazonas.
Já o responsável pela Arena Pantanal mira outros
planejamentos. A ideia é fundar uma escola de esportes no interior do estádio.
- Não há shows o suficiente para dar lucro, precisamos
arranjar outra forma de utilizá-las.
Estou fazendo uma escola lá dentro. Primeira escola de excelência de
Mato Grosso. Duas horas de esportes, professores técnicos acompanhando... Vamos
transformar a Arena em um local de ensino - finalizou
arena da amazônia

Foram apenas cinco jogos do Campeonato
Brasileiro, sendo três da Série A, todos em 2014, e um dois da Série B, ambos
com Vasco, em 2014 e 2016. O lucro, somente com aluguel de estádio, é de
R$ 847.489,25. Esse valor pagaria pouco mais de 10% da
despesa anual do espaço, que gira em torno dos R$ 6 milhões. Sem o Brasileirão,
as alternativas, além de shows, têm sido receber jogos do Campeonato Carioca e,
ano passado, seleção brasileira. Inclusive, o público recorde do estádio foi na
semifinal do Carioca de 2016, entre Flamengo e Vasco, quando mais de 44 mil
pessoas prestigiaram o clássico.
arena pantanal

Mais um que não é muito requisitado pelos times de ponta do país, a Arena Pantanal ainda conta com um ponto negativo: dos nove jogos que recebeu, sendo um da segunda divisão - desconsidera-se Luverdense-MT - apenas três tiveram o valor do aluguel divulgados. Dessa forma, a renda é toda contabilizada de 2015 e 2016: R$173.060. A quantia não faz cócegas nos gastos mensais de cerca de R$ 700 mil do estádio.
mané garrinCHa

Mais caro dos estádios construídos para a Copa do Mundo, com
gastos de mais de R$ 1 bilhão, o estádio do Distrito Federal é o maior entre os
‘’elefantes brancos’’, com capacidade para mais de 70 mil pessoas. As despesas,
claro, também são maiores. Assim como a receita. Desconsiderando estaduais,
Primeira Liga, Copa do Brasil, entre outros, quase R$ 4,5 milhões foram
arrecadados no período de 2013 a 2017. Foram 31 mandos vendidos a Brasília, que
conta, principalmente, com o público flamenguista.
arena das dunas

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