quinta-feira, 30 de julho de 2015

Fotógrafa clica mulheres e questiona termo plus size: 'Ser gorda é normal'


Ensaio sensual reuniu cinco modelos vestidas de lingerie.
Para fotógrafa de Jundiaí, conceito de plus size 'é muito relativo'.

Ana Carolina LevoratoDo G1 Sorocaba e Jundiaí
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Ensaio foi feito em casa colaborativa de Jundiaí (Foto: Mariana Godoy/Arquivo Pessoal)Ensaio foi feito em casa colaborativa de Jundiaí (Foto: Mariana Godoy/Arquivo Pessoal)
Uma fotógrafa está chamando a atenção na internet por conta de um ensaio sensual que fez com cinco mulheres em Jundiaí (SP). Em vez de fotografar modelos saradas, com pernas torneadas e "barriga negativa", Mariana Godoy só clica mulheres gordas, como ela mesmo define.

A profissional registrou as cinco modelos vestidas apenas de lingerie – ou sem ela – e com os corpos pintados com frases de protesto contra a "gordofobia" e o preconceito com mulheres acima do peso.
 VEJA GALERIA DE FOTOSPara a fotógrafa, que também se considera gordinha, apesar do termo ser considerado pejorativo para algumas pessoas, é o mais correto, sem o eufemismo do "plus size". "A palavra 'gorda' assusta. Se você disser isso para alguém pode se tornar uma ofensa, mas não tem que ser assim. As pessoas precisam aceitar essa palavra e é exatamente isso que esse trabalho quer mostrar: que ser gorda é uma luta. É normal, não tem problema nenhum", afirma.
Meninas foram fotografadas com lingerie  (Foto: Mariana Godoy/Arquivo Pessoal)Meninas foram fotografadas com lingerie (Foto: Mariana Godoy/Arquivo Pessoal)
Mariana conta que a ideia surgiu durante um sarau cultural realizado na cidade. Uma amiga que participa dos encontros artísticos que teve a iniciativa e fez a proposta para a fotógrafa. "Eu adorei a ideia porque não temos muitas fotos assim, mas não achei que fosse fazer tanto sucesso. A gente começou a perguntar para outras meninas amigas nossas se elas tinham interesse em participar e outras mulheres também quiseram fazer parte do grupo."
Segundo a fotógrafa, apesar do interesse de várias mulheres, não foi fácil destacar vários estilos no ensaio. "Apesar de ter procurado muito, não encontrei meninas negras, ruivas ou mulheres mais velhas que toparam posar. Tudo isso por conta da insegurança com o próprio corpo. Quero muito fotografar meninas gordas de vários jeitos e, por isso, pretendo viajar para outras cidades", comenta.
Mulheres pintaram o corpo durante o ensaio em Jundiaí (Foto: Mariana Godoy/Arquivo Pessoal)Mulheres pintaram o corpo durante o ensaio em Jundiaí (Foto: Mariana Godoy/Arquivo Pessoal)
Aprendizado e processo de aceitação
Abraçadas e seminuas, com máscaras e em poses sensuais, as mulheres foram clicadas com os corpos pintados com frases como "gorda e saudável", "tire a sua gordofobia do meu caminho que eu quero passar" e "meu corpo, minhas regras". De acordo com a fotógrafa, o resultado positivo surpreendeu até as próprias modelos. "Elas ficaram muito felizes porque não imaginavam que pudessem se ver tão bonitas. Dá muito poder!", garante.
Eu também sou gorda. Por isso estar naquele projeto foi uma sensação de liberdade revigorante, já que não tinha nenhum tipo de julgamento. Quando você olha essas meninas você pensa: 'elas são lindas! Porque eu não posso ser também?'"
Mariana Godoy, fotógrafa
Mariana comenta ainda que o ensaio foi importante não só para as modelos, mas também para um aprendizado e processo de aceitação pessoal. "Eu também sou gorda. Por isso estar naquele projeto foi uma sensação de liberdade revigorante, já que não tinha nenhum tipo de julgamento. Quando você olha essas meninas você pensa: 'elas são lindas! Porque eu não posso ser também?'”.
Padronização do plus size
Uma das partes mais difíceis do ensaio, segundo ela, foi encontrar lingeries adequadas para o corpo das modelos. Isso porque as peças consideradas plus size começam a partir do tamanho 46 e não estão de acordo com a realidade das brasileiras. "Até o plus size já foi padronizado pela indústria da moda que censura as mulheres. As meninas do catálogo das lojas não são gordas, só têm curvas. Por isso acredito que os tamanhos deveriam começar do 48 para cima, já que o que elas usam não é o que a gente veste", diz.
Mariana foi convidada através de uma blogueira que também incentiva a moda para "meninas gordas" para participar de um evento de moda plus size em São Paulo. "Hoje não existe um investimento fashion nas roupas. Os cortes são retos, as estampas são feias e nada é bonito ou sensual o suficiente. Por isso, a nossa intenção é discutir essa padronização nas grandes lojas de departamento", finaliza.
Mariana entre as modelos (Foto: Mariana Godoy/Arquivo Pessoal)Mariana entre as modelos (Foto: Mariana Godoy/Arquivo Pessoal)

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